quarta-feira, maio 01, 2013

Fabricando medos.




A violência urbana deixa marcas na saúde moral da sociedade. Seus sintomas  se materializam no espaço geográfico das grandes cidades através das cercas, muros altos, câmeras e possuem sua apoteose nos condomínios fechados, verdadeiros simulacros urbanos. A violência também se manifesta nos signos culturais; músicas que explicitam a violência, apologéticas ou não, a fuga do olhar do estranho e na desconfiança do outro. A violência começa no ato, sendo este físico, e explodem em potência pela psique coletiva. Partindo deste pressuposto será realmente correto e funcional abordar a violência urbana apenas no tocante a sua materialidade momentânea do ato criminoso? Será prudente pensar suas causas apenas na frieza dos dados “secos” dos relatórios policiais?
Em um primeiro momento, apesar da proposta inicial, é necessário focar nos dados estatísticos. Apesar elasticidade com o qual estes dados podem ser vistos e aplicados em diferentes meios e modos de análise, cabem dialeticamente ao meu propósito de desconstruir certos conceitos a priori consolidados. No estado São Paulo no ano de 2010 ocorreram, segundo SIM/SVS/MS, 3845 homicídios por arma  de fogo. Já no caso de mortes em acidentes automobilísticos no mesmo ano foi de 4638 vítimas num total de 41.252.160 habitantes, segundo dados da secretaria de segurança pública do Estado de São Paulo. Parece latente que a percepção do medo da população da violência urbana seja maior do que o fato em si.
O medo da violência urbana se torna um negócio rentável, quando certos serviços são oferecidos justamente para aplacar esta angustia do medo de ser vítima de morte violenta. É evidente o aumento do número de serviços de segurança privados na capital paulistana, que hoje ultrapassam até mesmo o efetivo da polícia militar, considerado um dos maiores efetivos do Brasil. Os espaços privados e “devidamente monitorados” de consumo, os shoppings centers, só no ano de 2012 cresceram em 10%, segundo dados do próprio governo estadual. As escolas particulares de renome já reestruturaram seus sistemas de segurança, além de câmeras e catracas eletrônicas, chips de localização em uniformes escolares começam a ser estudados como medidas preventivas. Os meios de grande mídia também exploram este medo em busca de lucro fácil. Programas televisivos ditos “jornalísticos” exploram a violência pela sua estética “macabra” e não existe preocupação em transmitir ao seu espectador uma análise mais fria e real das causas deste fenômeno.
Qual seria então a explicação para este fenômeno de fascinação da sociedade pela violência e deste culto estranho ao medo? Thomas Hobbes, importante filósofo contratualista, alertava ao fato de que a humanidade é naturalmente egoísta e violenta, “o homem é o lobo do próprio homem”. Em contraposição, numa negação do essencialismo, o existencialista Jean Paul Sartre afirmara na máxima “o inferno são os outros”, ou seja, na busca de minha afirmação e da minha construção enquanto “ser” delego ao “outro” os defeitos que temo em mim.
Enfim, qual seria então o procedimento mais cabível a sociedade e ao cientista social para solucionar ou amenizar o problema da violência urbana? Claro que além de pensarmos em solucionar os já “chavões” e necessários motores da violência como a desigualdade social, deficientes programas educacionais, leis arcaicas e pouco funcionais, falta de lazer, entre outros, é mister indagar; e a produção do medo, interessa a quem?

quinta-feira, novembro 04, 2010

Crepúsculo. Um amor de morto vivo

O nosso amor começou e terminou assim. Em um belo fim de tarde, enquanto caminhava pelas ruas vazias da cidade devastada, encontrei-o vagando. Seu corpo balançava como um pêndulo e sua carne podre ainda se desprendia dos ossos revelando o cheiro azedo da morte. Sua boca aberta exibia, como condecorações de guerra, os dentes sujos de sangue que deixavam transparecer o sucesso de sua última refeição. O olhar vago e pouco profundo se voltava para o interior de sua alma como se buscasse encontrar vida no pouco que ainda restava de atividade em seu cérebro corroído pela peste. E foi neste instante que me apaixonei. A aura formada nos seus escassos cabelos refletia o dourado do Sol e atingiu-me como uma espada cortante. Meu coração fervilhou, o desejo de possuir seu corpo naquele momento era insuportável. Senti que a recíproca era verdadeira quando caminhou em minha direção a passos curtos e vagarosos, por vezes cambaleantes e difíceis, afinal seus músculos não possuíam a mesma elasticidade de outrora e sua pele rasgava-se revelando o pus que, como a seiva de uma arvore ferida, escorria pela sua perna. Quando chegou perto de mim vi sua boca abrir e tentar me devorar. Senti que seu amor, assim como o meu, era imenso. Desejava-me, queria-me dentro de você, existe forma mais pura de amor? Existe maior sentimento de prazer? Quando a fera devora sua presa, o sangue se enche novamente de vida e expulsa, mesmo que momentaneamente a morte, assim o prazer atinge infinito. Por outro lado, a presa atinge o êxtase logo após a dilaceração. A sensação de alívio que surge logo após a dor intensa é imensa. Muitos torturados se apaixonam pelos seus algozes quando estes lhe concedem pequenos intervalos de descanso entre os momentos de suplício. O convalescente vê o mundo colorido quando se afasta da visão inebriante da morte. Desta maneira foi com muito amor e desejo que deixei ele me morder. Senti minha pele se desmanchar perante suas mandíbulas fortes e decididas. A dor lacerante foi recompensada quando vi o pedaço arrancado de meu braço descer por sua garganta. Ele me quer, a antropofagia é o mais intenso desejo do outro. Empurrei-o ao chão, sua debilidade impedia uma maior resistência. Uma vez caído segurei seus pulsos, era minha vez. Mordi sua garganta com força e engoli um farto pedaço de carne. O gosto era indescritível. A carne era macia e se desmanchava com facilidade. O visco formado pelos tecidos podres encharcados de sangue e pus escapava do pedaço como água abandona uma esponja. O desejo era muito forte. Desci para suas axilas, onde um delicioso e tenro nervo ofereceu uma maior resistência. Seu braço pendeu, caiu sobre minhas costas. Senti suas unhas rasgarem meu vestido e penetrarem em minha pele. O suor se misturou com o sangue e enfim tive um orgasmo. O desejo, o prazer e a dor se misturaram em um caleidoscópio de sensações. Meu prazer se multiplica quando sua boca agora acertou meu seio direito e o arrancou. O sangue explodiu em seu rosto, atiçando ainda mais seu frenesi. Entreguei-me passivamente e, debruçando sobre seu corpo, arranco-lhe a orelha. Porém, foi neste momento que vi o seu olhar desviar-se para outra fêmea que nos observava. E foi com muita tristeza que apanhei meu colt 45 e disparei em seu crânio espalhando seus miolos ao chão. Seria demais para mim ver você desejar comer outra mulher.




sábado, agosto 21, 2010

Ideologia



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domingo, agosto 01, 2010

Liberdade e Ilusões


Do alto de minha janela observo a noite chuvosa. Os pingos grossos escorrem pelo meu rosto e se misturam com minhas lágrimas. O doce aroma do ar úmido embriaga-me. O vento forte que chega no 15º andar empurra meus cabelos para trás. Mais um passo e agora sento no parapeito contemplando os carros lá em baixo .A loucura da cidade e suas luzes rasgam a tranquilidade e a escuridão nesta noite fria. Os prédios resistem a bravura dos ventos e a insistência da chuva que teima inutilmente desintegrá-los. Mas a mão do homem não para, tenta dominar a natureza e ergue mais de seus templos de concreto e empinam seus dedos de aço contra Deus. Sou escravo de meu corpo. Minhas sensações guiam meu espírito, assim como a chuva e o vento guiam os homens que se escondem em seus guarda chuvas, carros e casas. São elas que me fazer sofrer... Foi através de meus olhos que a vi. Foi através deles que sua imagem penetrou na minha mente e imprimiu em minha substância o seu corpo e suas curvas. Foi através de minhas mãos que senti sua pele, percorri os segredos de suas formas, senti sua umidade e calor. Agora minhas mãos seguram o frio aço de minha janela e sentem a umidade da chuva que escorre para meus pulsos. Você modificou o mundo, passei a percebê-lo de outra maneira. A realidade se alterou e tornou-se feliz. As cores saltaram dos objetos e a alegria da expectativa da rotina tornou-se real. Confiei no mundo, na vida eterna e no amor. Porém, assim como os impérios, que são erguidos e se julgam eternos, sucumbem a massacrante roda da história, o meu mundo ruiu. Ele despencou quando a vi deitada no colo de outro. Em nossa casa, o cheiro de nosso amor puro se misturou com o fétido aroma da traição. O suor , o maço de cigarro jogado e as taças de vinho caídas se misturam com o sangue de dois corpos inertes. O cheiro da morte toma o quarto como o incenso toma a igreja. O ritual de destruição de minha alma está no fim. Mais um passo e meu corpo se despediu da janela e alcançou o ar. Fecho os olhos e me sinto livre, o vento sopra mais forte, meu coração dispara. Vou deixar este mundo de ilusões e descortinar a verdade sobre Deus. Minha mente se alivia, estou leve, será que vai doer? O chão está próximo, as pessoas parecem maiores, vejo a calçada, agora não resta mais nad................

domingo, junho 27, 2010

De olho na leitura


É com muita tristeza que venho acompanhando o desesperador desenrolar do desenvolvimento do ensino e do aprofundamento da cultura do descartável. O crescimento da industria "cultural" produz cada vez mais uma infinidades de besteróis vazios e descartáveis, criando paixões fluidas, insonsas e efemeras. Durante este mês acompanhei dois tristes episódios; o desespero de infantes com o não comparecimento de uma banda emo em uma livraria e a morte de um importante literata. No primeiro caso, apesar de previsível e esperado, não deixa de ser melancólico a histeria, quase que alucinógena, de crianças inconformadas com o não comparecimento do grupo Restart. Apesar de comica, para muitos, devo confessar que para mim também, não deixa de ser triste ver como algo tão vazio e tão sem criatividade pode comover e como uma indústria pode engolir mentes e destruir gerações. O outro fato é a morte de Saramago, importante escritor em lingua portuguesa. O triste não é apenas sua morte, pois seus escritos são, desculpe-me o chavão, imortais, mas o fato da maioria de meus alunos nunca terem ouvido sequer falar dele. Por estas razões que insisto no dever de nós, educadores, em expor o máximo possível elementos culturais autênticos e que fujam da cultura do descartável.
Um povo com bunda na cabeça... só pode falar merda!!!!

quarta-feira, julho 08, 2009

O Monstro



Ele seguia cambaleando pela avenida. Cada passo era como uma vitória. O vento frio do outono lambia sua pele suja e ressecada levando consigo o aroma de sua precária higiene. Um casal cruza a rua e evita seu olhar – sou um monstro – pensou. Estava acostumado ao desprezo da sociedade, visto como um pária, aquele que “sobra”. O por do sol tinge de dourado os prédios encardidos e as ruas fétidas. Procura um lugar para sentar, a bebedeira está passando, está conseguindo pensar novamente. Ele odeia ter de pensar, cada vez que reflete sobre sua vida sente um vazio enorme, lembra-se de que é um monstro. Para em frente a um velho cinema abandonado. Outros monstros estão na porta cabisbaixos. Um deles cobre-se com uma folha de jornal. Há algo escrito, porém como não sabe ler vê a figura. Um casal sorridente segura um cartão dourado na mão. – estes são gente afinal. Senta-se ao lado do outro que nem se mexe. Olha para rua, vazia afinal. Uma lufada de ar levanta os papeis jogados que dançam a melodia que vem do assovio gerado pelo vento que se espreme pelas frestas e cantos da cidade. O Sol dá seu último suspiro e se esconde por de trás da igreja matriz. Seus olhos cansados começam a querer se fechar, porém o ronco de seu estomago vazio os acorda. Com muito esforço levanta até a lixeira, a bebedeira está no fim sente enfim a fome. Remexe com cuidado, entre os dejetos acha um pote de iogurte. Enfia o dedo na garrafinha e retira uma generosa porção. Leva a boca, não mata sua fome, mas lhe concede uma breve sensação de prazer. Após sorver até o último suspiro do laticínio joga a embalagem no meio fio e vira-se em direção ao banco da praça. A cada passada aumenta o peso em suas costas, sente sua cabeça pesar pressionando suas vértebras, parece que seu pescoço não suportará a pressão. Apóia a mão direita no banco e vira-se, ao sentar sente um formigamento refrescante, como se seus músculos estivessem comemorando o momento em que podem enfim relaxar. Lentamente vai se permitindo deitar esticando seus membros sujos e podres pelo banco da praça. O vento gelado da noite lhe abraça como um castigo do carrasco. Sua pele reage ao contato e arrepia-se, tentando inutilmente afastar o cobertor gelado da noite. O monstro está cansado demais para levantar-se e procurar algo. Pelo menos o frio lhe disfarça a fome. – Meu Deus!!!!! Estou gelado!!!! – . Oh! Pobre monstro! Que espécie de Deus tu clamas? O mesmo que se revelastes a Abraão? Aquele era a imagem e semelhança do homem e não de ti, pobre asquerosa criatura. Para ti não há Deus, há somente a conformidade de tua existência. O sono custa a chegar. Abraçando o próprio corpo o monstro luta contra o frio e finalmente dorme. Um sono sem sonhos, mas sem dor. E é sem dor quando quatro garotos humanos se aproximam e numa brincadeira inocente jogam-lhe álcool e tacam-lhe fogo. O monstro nem se mexeu enquanto era consumido pelas chamas, talvez já estivesse morto antes de seu corpo arder. Os quatro garotos voltaram felizes para casa. Tinham matado o monstro, agora o mundo está mais humano.

imagem: Las Manos Del Mendigo. de Oswaldo Guayasamín

domingo, junho 28, 2009

Musica da semana - Vanessa Mae

Ela começou a tocar piano aos 3 anos de idade e aos 5 anos já tocava violino.
Ficou relativamente famosa no Reino Unido quando em criança aparecia com regulariedade na televisão (por exemplo em
Blue Peter) geralmente por envolver muito a música e o estilo clássico conservador.
Ao entrar na adolescencia Vanessa-Mae rompe a influência que tinha com os pais e torna-se conhecida pela sua aparência e estilo sensual e glamorosa nos videoclipes de música com a sua roupa estilosa. Ela apareceu com
Janet Jackson no álbum The Velvet Rope a tocar violino a solo na canção "Velvet Rope".
Vanessa-Mae foi recebida com aclamação e elogiada pelo seu estilo e talento pessoal, mas por outro lado também foi sujeita a muita controversia. Alguns criticos disseram que as suas capacidades (habilidades) tecnicas e musicais são de facto rudimentares e que ela é apenas um produto típico da industria da música a tentar usar o sex appeal (apelo sexual) para vender música clássica comercializada. Ainda existe outros que acham que ela está a fazer um des-serviço a música clássica. Ela contrapõe dizendo que estes criticos são demasiado tradicionais e elitistas. E eles são incapazes de apreciar a sua fusão de música clássica com a música pop e eles nem sabem fazer música, eles apenas reservam-se ao cinismo cruel.
Em Abril de 2006, Vanessa-Mae foi classificada como a jovem artista mais rica no Reino Unido na
Lista dos Ricos do Jornal Sunday Times 2006. Ver Lista na página do Jornal Sunday Times

por preguiça e falta de tempo retirei o texto do wiki.

veja o video
aqui